domingo, 8 de novembro de 2015

O meu primeiro módulo




Ao concluir meu curso de Licenciatura Plena em Geografia em novembro/1992 pela UFPA, logo em seguida surgiu a possibilidade de trabalhar no Sistema de Organização Modular de Ensino/SOME.
Em fevereiro/1993 fui fazer uma prova na 5a.URE , onde tive que elaborar dois projetos. A técnica da SEDUC responsável pela prova foi a professora ANA CONCEIÇÃO.
Foi grande a ansiedade pela espera do resultado. Ao sair o resultado fui aprovada.Vibrei de alegria, pois seria o meu primeiro trabalho na área da educação.
No dia 05 de maio/1993 fui contratada pelo Estado.Logo em seguida tive que fazer um curso de treinamento em Belém, no IPÊ, para poder exercer minhas atividades pedagógicas. O curso foi promovido pela SEDUC. Todas as despesas de passagens (aéreas) e alimentação foram assumidas pela SEDUC, exceto a hospedagem.
Após o curso , fui encaminhada para o circuito onde iria trabalhar. Fui lotada no SOME, em Icooracy, com 200 horas. O meu primeiro circuito foi: Aveiro(cidade), Arapixuna, Belterra e São José. Fui primeiro trabalhar na cidade de Aveiro juntamente com os colegas de Belém: Heloiza, professora de Educação Física, já falecida, Daniel/Matemática, Fernando/Biologia. Viajei para Aveiro com problemas de saúde, mas com o apoio de minha querida mãe (já falecida) me enchi de coragem e fui encarar o grande desafio da minha nova vida profissional.
Fomos bem recebidos pelo prefeito e pelos alunos. Os alunos estavam ansiosos pelas aulas e procuravam nos dar um bom tratamento. Nas sextas-feiras, após as aulas, os alunos realizavam serestas com churrascos nas casas de alunos e estes homenageavam os professores. De vez em quando surgia um convite de almoço na casa de alunos. Tínhamos uma aluna que era a esposa do Prefeito, e ela sempre nos oferecia um almoço. A nossa bolsa alimentação não falhava.
A casa dos professores era bem estruturada, de alvenaria com um quarto para cada professor, com geladeira e utensílios adequados. No meu primeiro módulo me senti apoiada e estimulada a trabalhar com otimismo, me sentindo valorizada e respeitada em minhas atividades pedagógicas. Nossa equipe de trabalho era muito solidária, havendo preocupação e respeito um com outro. Não podia imaginar, naquele momento, que problemas sérios, como de estrutura, surgiriam em outras comunidades como Arapixuna.
Mas o primeiro módulo significou o estímulo inicial para os desafios que surgiriam na nova vida profissional. Hoje, estou com 22 anos trabalhando no SOME, enfrentando desafios no campo da educação, onde constantemente o SOME recebe ameaças de extinção pelo governo que não tem compromisso nenhum com a população do campo.
É preciso que haja o respeito e o reconhecimento por esta modalidade de ensino, pois, por 35 anos vem sendo a alternativa para o homem do campo ter acesso ao ensino médio e permanecer no campo.
Muitos jovens do campo já se formaram e continuam se formando em cursos superiores das diversas áreas, tendo o SOME como sua base forte de preparação, pois o SOME tem profissionais da educação sérios e competentes.
Fica o desafio: estudantes, professores e comunidades precisam formar um laço de união para defender a permanência do SOME nas comunidades. As conquistas e vitórias só podem acontecer se houver luta e pressão.