3x4 DE UM MODULENTO NA AMAZÔNIA
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um módulo que se encerra, mais uma vez a sensação de dever cumprido e a certeza
que a cada módulo, a cada comunidade, mais amazônida eu sou. Mais um pouco da Amazônia
eu conheço, suas realidades, suas riquezas, suas dificuldades, suas agonias,
principalmente de sua gente, quanta pobreza, quanto abandono e isolamento, mas
também quanta alegria e simplicidade, e nós modulentos de algum modo, por mais
que muitos se neguem, estamos fazendo parte dessas realidades. E o que estamos
fazendo para muda-las? Ensinando? Só isso é necessário?
O geógrafo Alex Ruffeil |
O entendimento que tenho ou passei a ter é que
nosso trabalho nessas Amazônias, já que cada comunidade é uma Amazônia
diferente com realidades diferentes, é muito maior que o simples fato de
educar. Nosso trabalho vai e tem que ir além, temos um papel antropológico,
histórico e geográfico, independente da ciência de nossa formação, pois estamos
participando e construindo a história dessa rica, imensa e muito desconhecida,
por parte de sua população, região. Podemos e devemos ser com essa população a
vanguarda nesse contexto.
A cada fim de módulo sinto que deixo um pouco de
mim nas comunidades, e de lá trago muito delas em mim, por isso esse sentimento
de amazônida cada vez mais impregnado na minha alma, no meu corpo, no meu
coração, não que esse sentimento não existisse antes, me sinto muito mais
caboclo, e não é porque uso chapéu de palha, e apesar de muitas vezes parecer
um ET nessas andanças pelas várzeas e planaltos amazônicos, já que não tenho o
biotipo amazônico, fica a certeza que conhecer cada vez mais a realidade de
nossa região e de sua gente, para mudá-la, é preciso. É preciso nos
apropriarmos de nossa história e geografia e começar, nós amazônidas a reescrevê-la,
de acordo com nossa realidade e necessidades, uma história que harmonize
homem-natureza.
O modular tem me proporcionado conhecer in loco a
realidade de nossa gente, conheci pessoalmente todos os grandes projetos na Amazônia
e estudei-os a fundo, conhecer nossa realidade a partir dos grandes projetos é
uma coisa, mas conhecer a realidade de nossa região a partir da perspectiva dos
povos da floresta é totalmente fascinante, emocionante e apaixonante, o
instinto e consciência revolucionária de mudança faz aumentar a certeza de que
a luta se faz necessária e permanente. Nós modulentos temos que entender que
somos quixotes montados em nosso rucinantes, barcos, bajaras, rabetas, ônibus e
ect. muitas vezes sem a companhia do sancho pança e nossas lutas não são contra
moinhos de ventos.
E a cada partida, a cada comunidade que fica para
trás e no coração, a certeza de que nunca volto o mesmo, não o mesmo da
partida, a convivência, as experiências, o aprendizado com essa gente vai
moldando ou aperfeiçoando, como queiram, uma pessoa mais humana, mais hulmilde,
mais conhecedor de que ainda há muito a ser feito, a ser vivido e aprendido.
Ser modulento nessa Amazônia magnífica, também é
ser um euclides da cunha, um jacques cousteau, um emílio goeldi, lúcio flávio
pinto, benedito monteiro, dorothy stang e tantos outros, famosos ou anônimos,
que de alguma forma contribuíram ou contribuem para o desenvolvimento
científico, social, cultural e econômico da Amazônia, sem deixar o rastro da
destruição, da miséria e do caos. “...um uirapuru que sonha, sou muito mais eu
sou Amazônia”.
Um comentário:
Que lindo!! Você expressa tudo aquilo que sinto também como uma modulenta aqui pela região do nordeste paraense (URE Capitão Poço)...
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