sábado, 28 de julho de 2012

PÁGINAS DO PASSADO


*EDILBERTO SENA

A
lguém pergunta: qual a diferença entre um otimista e um pessimista? É que este reclama muito, não vê quase nada positivo; enquanto que aquele sempre vê um lado positivo nas pessoas e nos acontecimentos, sempre está com esperança, mesmo quando nada parece dar certo.
Tudo bem, e qual é a marca do realista? É ter a capacidade de ver dois lados da moeda e saber tirar conclusões acertadas. São poucos os bons realistas, embora muitos assim se julguem.
Hoje nos chega uma notícia que provoca uma reflexão e que quem ouve pode tirar conclusões de um dos três tipos: pessimista, otimista ou realista.
O sistema de ensino modular na região da 5ª URE é uma experiência inovadora e que hoje é bancada pelo governo do Estado. Funciona em Belterra, Aveiro e Santarém. É o ensino médio no interior. Sua grande virtude é abrir espaço para que a maioria dos jovens que concluem a 8a série lá na sua comunidade possa continuar seus estudos sem deixar a família.
São 113 professores que garantem todo o ensino modular. Salário razoável de 3 mil reais. Deveria ser mais, pela responsabilidade e a dedicação exclusiva que exige dos professores, além de ele ou ela ter que se deslocar de sua base. Afinal, um deputado estadual faz menor esforço e ganha muito mais.
Pelo tempo que já tem o Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME) na região, pelas vantagens que oferece, já deveria ser uma política pública estabilizada e completa. Infelizmente ainda não é. Falta estrutura física definitiva. O Estado continua pedindo favor ao município e até à comunidade que arruma umas escolas da escola municipal, um barracão ou sede de clube.
Além disso, grandes defeitos: não há bibliotecas para pesquisa escolar; falta um melhor acompanhamento da direção do grupo de ensino modular, para afastar professores que só entram no SOME por causa do salário, mas não cuidam da pedagogia.
E assim, o que já era para ser uma escola padrão no Estado continua uma experiência improvisada e sem definição. A Seduc recusa assumir mais essa responsabilidade para com os jovens de meio rural.
O pessimista irá dizer: isso não vale nada! O otimista dirá: mas que bom, já é um começo! O realista, porém, dirá: mas por que o Estado não assume o SOME de vez e o aperfeiçoa?
Qual dos três tipos segue você?

* É padre diocesano. Dirige a Rádio Rural AM (texto publicado na edição 10, do Modular Notícias, em março de 2008).

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