RETALHOS DO ENCONTRO SOME
O II Encontro do SOME em Macapá (Foto e texto: Jornal do Dia) |
Professores discutem problemas da Educação
O II Encontro Amapá/Pará do Sistema de Organização Modular de Ensino
(SOME) busca promover melhorias na educação pública aos alunos do campo, dos
rios e da floresta. O evento iniciou ontem(5) e terminará dia 7 de setembro,
realizado na Sede do Sindicato do Urbanitários do Amapá. Por iniciativa do
Sindicato dos Servidores Públicos em Educação no Amapá (Sinsepeap) e
Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP), o II
Encontro está movimentando aproximadamente 200 educadores do SOME, paraenses
e amapaenses.
Segundo Maria Luiza Rocha, coordenadora do II Encontro Pará - Amapá SOME, o evento objetiva construir políticas públicas para o sistema modular, que abrange toda a área rural do Estado. A troca de experiências entre os educadores do Amapá e Pará contribuirão com discussões salutares para buscar melhores condições de trabalho, favorecendo professor e aluno. “Temos uma população que precisa de uma perspectiva de vida. Não basta ter o ensino médio. O que fazer com os alunos que estão no campo, nos rios e nas florestas? Qual a perspectiva que eles possuem se não há campus universitário nessas regiões não condições financeiras para morar na capital? Nem todos os pais têm recursos para trazer um filho para cidade. As vidas desses alunos serão limitadas na educação, isso é exclusão”, questiona Maria Luiza sobre a continuidade dos estudos dos alunos do campo. Buscar melhorias de condições de trabalho Valorizar a qualificação do professor, pois são pós-graduados, mestres, doutores. A coordenadora Maria explica que o Estado precisa assumir a valorização da educação pública do sistema modular, porque essa é a maior política de inclusão social da Amazônia do Pará e Amapá. “As escolas dos interiores não são regularizadas. Precisamos de uma equipe técnica pedagógica que acompanhem os alunos. Quanto mais distante é a escola, mais precária é a situação. Por exemplo, na penúltima Ilha do Bailique, o professor faz o serviço dele, é diretor, é secretário, é merendeiro. Não há como render um bom trabalho dessa forma”, explica Maria sobre as dificuldades do professor do Sistema Modular. Para o educador paraense Bráulio Uchôa, esse II Encontro servirá para integrar os professores do Pará e Amapá na questão educacional. “As dificuldades mais encontradas são as moradias dos professores nas comunidades, as escolas sucateadas. Falta de professores, falta de efetivação de uma política pública de qualidade na educação do campo, rios e florestas. Enfrentamos um problema no Pará do governo se omitir e não querer ofertar educação para a comunidade que, por exemplo, tem um, dois, e até três alunos para cada série. O Estatuto da Criança e do Adolescente garante a educação do aluno, independente da quantidade de alunos em sala de aula. E o governo quer programar esse parâmetro para formação de turma, se não há muitos alunos, não há ensino. Isso é errado”, argumenta Bráulio. “Professor do sistema modular é igual tartaruga: leva a casa nas costas”, diz Jorge Garcia, professor de Matemática do Sistema Modular. Segundo ele, esse sistema que leva a educação aos lugares mais longínquos do Estado precisa ter mais estrutura, uma condição melhor de vida. O professor leva a educação, cidadania, mas encontra entraves para trabalhar dignamente. “As comunidades são distantes e mesmo quando você consegue centralizar uma escola, há alunos que moram muito longe. Eles precisam enfrentar uma viagem de duas horas para chegar à escola, e mais duas para voltar para casa. Às vezes, esse aluno sai sem comer. E quando chega à escola não há merenda. É preciso muita força de vontade para continuar os estudos no sistema modular, pois as dificuldades são imensas”, discorre Jorge Garcia. Preocupações A saúde e as condições de trabalho dos professores abrangem as doenças psicossomáticas. Devido ao isolamento alguns professores passam por problemas de ansiedade e pânico, por isso necessitam ser amparados por atendimento psicossocial, que funciona em situações precárias no Amapá. A segurança pública também não é garantida. Assim como nas grandes cidades a violência em sala de aula é evidente, nos interiores esses problemas é uma realidade também. Palestras são oferecidas no II encontro SOME para haver discussões relacionadas a esses assuntos e promover soluções urgentes. “Não vamos conseguir sanar tudo, mas a nossa contribuição está sendo feita”, reflete Jorge Garcia sobre o II Encontro Amapá/Pará do Sistema Modular de Ensino. |
Por CAROLINE MESQUITA
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