quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

TÚNEL DO TEMPO


Comunitários rejeitam 
Escola Indígena
Escola Municipal São Miguel Arcanjo

Em 2007, a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SEMED), de Santarém, fez levantamento entre as comunidades santarenas, para saber quais desejavam que seus educandários fossem incluídos como escolas municipais indígenas. Em São Miguel, no rio Arapiuns, a comunidade escolar foi contra a inclusão.



C
omunitários e estudantes do Ensino Médio Modular (EMM) da EMEF São Miguel Arcanjo, atendidos pelo Sistema de Organização Modular de Ensino (SOME), na comunidade de São Miguel, no rio Arapiuns reuniram-se no dia 21 de março de 2007, no pátio da escola, para manifestarem suas preocupações com a inclusão do educandário no rol de escolas indígenas, pela Secretaria Municipal de Educação e Desportos (SEMED).
Segundo informações repassadas ao Modular Notícias pelas educadoras Lucilene Aguiar Cavalcante (Letras, Luzia Souza (Letras) e Eládio Carneiro (Letras), destacados para cumprir o 1o módulo, na comunidade, no dia 20 de março, por volta das 11 horas, a diretora Maria Lucídia Santos Lopes foi até o alojamento dos professores, para informar-lhes sobre uma ocorrência que vinha dividindo a comunidade: a inclusão da EMEF São Miguel Arcanjo na categoria de Escola Indígena, pela SEMED.
Na ocasião, contou-lhes também que o fato estava causando uma grande comoção nos comunitários, que inclusive já estavam mobilizando um abaixo-assinado para ser entregue à secretária Lucineide Pinheiro, da SEMED. No documento eles pedem a não inclusão da escola na categoria indígena.
Mobilização - No dia seguinte, o estudante Alailson Paulo Silva Ferreira, da 3a série do EMM, na condição de vice coordenador do Conselho Escolar,  solicitou aos professores da equipe, que cedessem o primeiro tempo de aula, para a realização de uma reunião.
O objetivo era socializar suas ideias e as da comunidade estudantil a respeito da Escola Indígena. Prontamente os educadores acataram a proposta, baseando-se no princípio de que a escola é um espaço que tem que ser solidário com os problemas da comunidade. Além disso, ela deve estar aberta, ser solidária e estar atenta aos problemas que afligem os comunitários e trabalhar para solucionar a questão de forma democrática.
“Orientamos o estudante Alailson a convidar as lideranças da comunidade para estarem presentes no encontro e manifestarem sua posição com relação à questão”, contou o professor Eládio, acrescentando que a reunião foi realizada no primeiro tempo de aula do turno vespertino. Ele contou também que foi um debate produtivo e interessante, apesar de notar um grande descontentamento entre os estudantes presentes, que na sua maioria se posicionaram contra a ideia da escola se tornar indígena.
Envolvimento - No domingo, 25 de março, a comunidade programou e realizou uma reunião para esclarecimento e socialização das ocorrências sobre a questão da Escola Indígena. No período vespertino, um grupo de comunitários procurou a equipe do SOME, para pedir auxílio na elaboração de um documento a ser enviado para a SEMED. Na segunda-feira, 26 de março, a comunitária Oneide Lopes Ferreira em companhia de Wladinor Reges foram até o alojamento da equipe em busca do documento.
Representantes - Uma comissão de comunitários formada por Ricardo Pereira Maciel, Risomar Rogério Castro dos Santos; Geraldo Rodrigues Silva; Zilda França dos Anjos Castro; Wilmar José Castro; José Carlos Ferreira Lopes; Maria Lucídia Santos Lopes e Domingos Nunes Castro se deslocou para Santarém levando em mãos o abaixo-assinado, para ser entregue a secretária Lucineide Pinheiro.
No dia 28 de março, pela manhã, o comunitário José Costa Ferreira Lopes foi até o alojamento e socializou com as professoras Luzia e Lucilene as ocorrências anotadas pela comissão de comunitários, que foi até Santarém para tratar sobre a questão da Escola Indígena.
Por volta das 11 horas, a diretora Maria Lucídia Lopes também procurou a equipe para falar sobre os acontecimentos observados por ela. Mostrou-se preocupada com os rumos e a comoção, que a questão estava tomando. Inclusive com ameaças de morte entre comunitários envolvidos com a questão.

Teor do documento enviado à SEMED

Comunidade de São Miguel, rio Arapiuns

Nós, abaixo-assinados, comunitários da Vila São Miguel, no rio Arapiuns, representados por uma comissão de moradores, vimos solicitar à Secretaria Municipal de Educação e Desportos (SEMED), que a Escola Municipal de Ensino Fundamental São Miguel Arcanjo não seja incluída na relação de escolas indígenas dessa secretaria, tendo em vista os seguintes motivos:
1. Tememos perder estudantes das comunidades vizinhas, bem como de nossa própria comunidade, pois muitos pais já ameaçaram retirar seus filhos se a escola for considerada indígena;
2. A clientela de estudantes moradores da comunidade é insuficiente para formar turmas do Ensino Fundamental e, consequentemente do Ensino Médio. O que poderia acarretar a extinção do Ensino Modular em São Miguel;
3. A maioria dos comunitários e estudantes não se identifica como indígenas e são terminantemente contra a inclusão da escola nessa categoria.

São Miguel, 26 de março de 2007


Alunos do Modular foram 
contra a implantação

A notícia foi veiculada no Modular Notícias
Enquete realizada pelo professor Eládio Delfino (Letras) revelou que 99% dos estudantes do Ensino Médio Modular(EMM), atendidos na EMEF São Miguel Arcanjo, em São Miguel foram contra a implantação da escola indígena pela Secretaria Municipal de Educação e Desportos (SEMED).
A consulta foi realizada durante o período letivo. Constou de uma tabela com o nome dos estudantes, onde eles deveriam se posicionar contra ou a favor da escola indígena.  Depois de tabulados os resultados chegou-se a seguinte definição.
Dos 66 alunos do EMM, apenas dois se posicionaram a favor da implantação. Três não opinaram e o restante, 61 são terminantemente contra a implantação da escola. Um dos motivos alegados é que a SEMED não fez uma consulta prévia à comunidade.





Nenhum comentário: