Comunitários
rejeitam
Escola Indígena
Escola Indígena
Escola Municipal São Miguel Arcanjo |
Em 2007, a Secretaria Municipal de Educação e
Desporto (SEMED), de Santarém, fez levantamento entre as comunidades
santarenas, para saber quais desejavam que seus educandários fossem incluídos
como escolas municipais indígenas. Em São Miguel, no rio Arapiuns, a comunidade
escolar foi contra a inclusão.
C
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omunitários e estudantes do Ensino
Médio Modular (EMM) da EMEF São Miguel Arcanjo, atendidos pelo Sistema de
Organização Modular de Ensino (SOME), na comunidade de São Miguel, no rio
Arapiuns reuniram-se no dia 21 de março de 2007, no pátio da escola, para
manifestarem suas preocupações com a inclusão do educandário no rol de escolas indígenas,
pela Secretaria Municipal de Educação e Desportos (SEMED).
Segundo informações
repassadas ao Modular Notícias pelas educadoras Lucilene Aguiar
Cavalcante (Letras, Luzia Souza (Letras) e Eládio Carneiro (Letras), destacados para cumprir o 1o módulo, na comunidade, no dia 20 de março, por
volta das 11 horas, a diretora Maria Lucídia Santos Lopes foi até o alojamento
dos professores, para informar-lhes sobre uma ocorrência que vinha dividindo a
comunidade: a inclusão da EMEF São Miguel Arcanjo na categoria de Escola
Indígena, pela SEMED.
Na ocasião, contou-lhes
também que o fato estava causando uma grande comoção nos comunitários, que
inclusive já estavam mobilizando um abaixo-assinado para ser entregue à
secretária Lucineide Pinheiro, da SEMED. No documento eles pedem a não inclusão
da escola na categoria indígena.
Mobilização
- No dia seguinte, o estudante Alailson
Paulo Silva Ferreira, da 3a série do EMM, na
condição de vice coordenador do Conselho Escolar, solicitou aos professores da equipe, que
cedessem o primeiro tempo de aula, para a realização de uma reunião.
O objetivo era
socializar suas ideias e as da comunidade estudantil a respeito da Escola
Indígena. Prontamente os educadores acataram a proposta, baseando-se no
princípio de que a escola é um espaço que tem que ser solidário com os
problemas da comunidade. Além disso, ela deve estar aberta, ser solidária e
estar atenta aos problemas que afligem os comunitários e trabalhar para
solucionar a questão de forma democrática.
“Orientamos
o estudante Alailson a convidar as lideranças da comunidade para estarem presentes
no encontro e manifestarem sua posição com relação à questão”, contou o professor Eládio, acrescentando que a reunião foi
realizada no primeiro tempo de aula do turno vespertino. Ele contou também que
foi um debate produtivo e interessante, apesar de notar um grande
descontentamento entre os estudantes presentes, que na sua maioria se
posicionaram contra a ideia da escola se tornar indígena.
Envolvimento
- No domingo, 25 de março, a comunidade
programou e realizou uma reunião para esclarecimento e socialização das
ocorrências sobre a questão da Escola Indígena. No período vespertino, um grupo
de comunitários procurou a equipe do SOME, para pedir auxílio na elaboração de
um documento a ser enviado para a SEMED. Na segunda-feira, 26 de março, a
comunitária Oneide Lopes Ferreira em companhia de Wladinor Reges foram até o
alojamento da equipe em busca do documento.
Representantes
- Uma comissão de comunitários formada
por Ricardo Pereira Maciel, Risomar Rogério Castro dos Santos; Geraldo
Rodrigues Silva; Zilda França dos Anjos Castro; Wilmar José Castro; José Carlos
Ferreira Lopes; Maria Lucídia Santos Lopes e Domingos Nunes Castro se deslocou
para Santarém levando em mãos o abaixo-assinado, para ser entregue a secretária
Lucineide Pinheiro.
No dia 28 de março, pela
manhã, o comunitário José Costa Ferreira Lopes foi até o alojamento e
socializou com as professoras Luzia e Lucilene as ocorrências anotadas pela
comissão de comunitários, que foi até Santarém para tratar sobre a questão da
Escola Indígena.
Por volta das 11 horas,
a diretora Maria Lucídia Lopes também procurou a equipe para falar sobre os
acontecimentos observados por ela. Mostrou-se preocupada com os rumos e a
comoção, que a questão estava tomando. Inclusive com ameaças de morte entre
comunitários envolvidos com a questão.
Teor do documento enviado à SEMED
Comunidade
de São Miguel, rio Arapiuns
Nós,
abaixo-assinados, comunitários da Vila São Miguel, no rio Arapiuns,
representados por uma comissão de moradores, vimos solicitar à Secretaria
Municipal de Educação e Desportos (SEMED), que a Escola Municipal de Ensino
Fundamental São Miguel Arcanjo não seja incluída na relação de escolas
indígenas dessa secretaria, tendo em vista os seguintes motivos:
1.
Tememos perder estudantes das comunidades vizinhas, bem como de nossa própria
comunidade, pois muitos pais já ameaçaram retirar seus filhos se a escola for
considerada indígena;
2.
A clientela de estudantes moradores da comunidade é insuficiente para formar
turmas do Ensino Fundamental e, consequentemente do Ensino Médio. O que poderia
acarretar a extinção do Ensino Modular em São Miguel;
3.
A maioria dos comunitários e estudantes não se identifica como indígenas e são
terminantemente contra a inclusão da escola nessa categoria.
São
Miguel, 26 de março de 2007
Alunos
do Modular foram
contra a implantação
A notícia foi veiculada no Modular Notícias |
Enquete realizada
pelo professor Eládio Delfino (Letras) revelou que 99% dos estudantes do Ensino
Médio Modular(EMM), atendidos na EMEF São Miguel Arcanjo, em São Miguel foram contra
a implantação da escola indígena pela Secretaria Municipal de Educação e
Desportos (SEMED).
A consulta foi realizada durante o período letivo. Constou
de uma tabela com o nome dos estudantes, onde eles deveriam se posicionar
contra ou a favor da escola indígena. Depois
de tabulados os resultados chegou-se a seguinte definição.
Dos 66 alunos do EMM, apenas dois se posicionaram a favor da
implantação. Três não opinaram e o restante, 61 são terminantemente contra a
implantação da escola. Um dos motivos alegados é que a SEMED não fez uma
consulta prévia à comunidade.
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