terça-feira, 22 de novembro de 2011

OPINIÃO

Para refletir: dois textos e uma pergunta
* Eládio Delfino
Q
uem acompanha a mobilização social dos trabalhadores em Educação da rede estadual de ensino em Santarém não deixou passar despercebidos dois textos, que foram tecidos e socializados por líderes, que sempre estiveram presentes e não deixaram de manifestar seus pontos de vistas e suas opiniões nos momentos políticos mais críticos de convencimento da plateia nas assembleias agendadas pelo Sintepp, sub sede de Santarém, durante o período da greve, que está sendo exercitada desde o último dia 26 de setembro e programada para encerrar na próxima sexta-feira, 25 de novembro.
Foram dois discursos contundentes e se destacam não só pela comoção que eles provocaram nos interlocutores, como pelo teor político e pelo comportamento dos autores, diante da assembleia.
Num dos textos, escrito pelo professor Fernando de Pina Carvalho, da escola “Frei Othimar” e intitulado Cálculos: se avizinha uma grande derrota aos servidores da educação pública do Pará?”, o autor faz uma fria análise técnica da sentença proferida pelo juiz Elder Lisboa, mostrando que seria difícil para a assessoria jurídica do sindicato revertê-la.
Além disso, ele profetizava no texto o seguinte: “...na próxima semana (18/11) possivelmente retornaremos ao trabalho. Espera-se, contudo, que o recurso impetrado pela assessoria jurídica do Sindicato seja favorável, se não, infelizmente, sairemos desta greve com uma das maiores derrotas que este sindicato já teve. Espero que todos estes meus estudos estejam errados...”.
Sua opinião postada na página eletrônica do sindicato, além de ser duramente criticada pelos membros do comando de greve, teve que ser retirado às pressas do site, para não desmobilizar a categoria em greve. Fomos um dos que contestamos, por conta da censura prévia e o atentado contra a liberdade de expressão, que deveria ser defendida, por todos.
Fernando de Pina Carvalho, além de ser um guerreiro daqueles que está sempre na linha de frente do embate pelo coletivo da categoria foi erroneamente entendido em sua singela contribuição ao debate. Foi excluído, mas é bom lembrar que ele paga pontualmente, todos os meses, R$ 22,76, de seu bolso para contribuir com o Sintepp.
Reação do autor: Imediatamente Fernando de Pina retirou seu texto e pediu seu afastamento do site, pois era um dos responsáveis (trabalho voluntário) pelas postagens. Além disso, foi se desculpar publicamente perante os trabalhadores, comentando sobre sua falha em publicar seu estudo.
O outro texto, intitulado “Podem matar os homens, mas nunca matarão as ideias, quem luta educa”, foi produzido pelo coordenador da sub sede do Sintepp, Noel Sanches, e fartamente distribuído na assembleia dos trabalhadores realizada na sexta-feira, 18 de novembro, na Casa de Cultura.
Antes de ser lido na assembleia, o texto foi apreciado pelos membros do comando de greve, que tiveram oportunidade de analisá-lo e incluí-lo como reflexão na pauta do encontro.
Noel Sanches inicia o texto dizendo Lutamos porque almejamos um mundo melhor para todos. Mundo este onde a justiça seja a viga-mestra que dá sustentabilidade à construção de uma sociedade justa, livre e solidária. Nós jamais poderíamos nos isentar de defender aquilo que é de direito e que visa o bem-estar da coletividade...”
Mais adiante, ele enfatiza que “...aqueles que não lutam nem defendem causas nobres, vivem no ermo da solidão, fecham-se na clausura da sua ilha pessoal...” e podem ser “...consideradas desleais porque ferem princípios supremos de uma decisão coletiva. São desleais ainda porque mesmo fazendo parte da classe, ainda assim interpõem-se contrários aos movimentos que buscam defendê-los.”
Reação do autor: inscreveu-se no debate político da assembleia, onde se manifestou contrário a uma decisão coletiva tomada pelo comando de greve, em que todos deveriam reforçar e incentivar a continuidade da greve por, pelo menos mais uma semana.
Na sua fala, Noel Sanches propôs que a greve encerrasse naquele momento, com tinha acontecido em Belém. Felizmente sua proposição foi contundentemente derrotada.
Finalizamos com a pergunta: Qual dos dois textos esteve mais perto da razão.

* É professor do SOME, Polo de Santarém

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