Escolas rurais, quilombolas e indígenas são tema de evento
Cerimônia da comunidade estudantil do Modular Indígena na Aldeia Muratuba, no rio Tapajós |
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Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) promoveu nos dias 24
e 25/4, em Brasília,
reunião técnica com os gestores municipais de educação para tratar do Programa
Nacional de Educação do Campo (Pronacampo). O evento reúne gestores e
secretários de educação de vários pontos do Brasil com escolas no campo.
O objetivo do encontro foi apresentar
ações e programas do MEC voltados para as escolas do campo e estimular e
fomentar a formação de um espaço para o diálogo entre os gestores que
administram redes com essas características. No Brasil, 63 municípios têm mais
de cem escolas do campo; destes, apenas Campos dos Goytacazes, no Rio de
Janeiro, não está nas regiões Norte e Nordeste.
De acordo com a secretária da Secadi,
Macaé Evaristo, o Ministério da Educação deve garantir que o direito à educação
seja universal, no meio urbano e no campo. “Precisamos garantir o direito à
educação aos estudantes do campo, pensando na formação de professores, no
diálogo com os saberes do campo, dos indígenas e dos quilombolas e na riqueza
do saber dos mais velhos”, disse. A secretária defendeu a parceria do ministério
com os atores que trabalham com essa modalidade educacional. “É impossível para
o MEC pensar sozinho nas melhores soluções para educação no campo”, concluiu.
Para o secretário de Educação Básica do
MEC, Romeu Caputo, a educação no campo foi deixada por muito tempo em segundo
plano e o Pronacampo cumpre o papel de garantir o direito de todos os
brasileiros à educação. “O MEC entende que o campo e a cidade não são tão
dicotômicos e a educação, para todos, deve ser universal e de qualidade”,
afirmou.
O Pronacampo foi lançado em 2011 e tem
modificado a realidade das regiões rurais. Hoje, o Brasil tem 73.483
instituições de ensino municipais e estaduais no campo, das quais 1.856
quilombolas e 2.823 indígenas. As demais 68.804 são escolas rurais ou unidades em
assentamentos para reforma agrária.
Educação indígena –
O desafio da educação indígena brasileira é um dos temas em discussão entre os
participantes da reunião. Trazendo na cabeça penas coloridas e colares pendendo
ao redor do pescoço, o indígena José Carlos Batista representa a comunidade
indígena Tupinambá Olivença, do sul da Bahia. Ele está em Brasília há pouco
mais de um mês como consultor no Ministério da Educação para colaborar com a
nova divisão territorial educacional para as nações indígenas. Até então,
ele era professor na Escola Estadual Indígena Tupinambá de Olivença, que fica
numa aldeia indígena em área rural a 20 km de Ilhéus.
José Carlos é um entusiasta dessa
política que divide o Brasil em territórios etnoeducacionais. Segundo ele, essa
nova divisão territorial facilitará ações de educação escolar específicas para
os diferentes povos.
Na escola Olivença, por exemplo, a
língua, a cultura, o sagrado e o artesanato do povo tupinambá são integrados ao
currículo convencional. “Os tupinambás têm o português como língua materna
porque o tupi não é falado mais. Desde 2000, há um trabalho de revitalização da
língua tupi, que é uma disciplina na nossa escola”, explica. (fonte: MEC)
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