terça-feira, 22 de novembro de 2011

PRÓ-ESTADO DO TAPAJÓS

Santarém decide pela continuidade da greve
Com a Casa de Cultura lotada trabalhadores em Educação decidem pela continuidade da greve
          Na tarde desta sexta-feira, 18/11, na Casa de Cultura, os trabalhadores da rede estadual de ensino em Santarém reuniram novamente em assembleia realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp) e comandada pela coordenadora Isabel Marinho, para definir os rumos da greve na cidade. 
          O encontro iniciou com uma reflexão espiritual, comandada pela educadora Aya Fidélis. Em seguida foi feita uma reflexão, com a leitura de um texto produzido pelo coordenador Noel Sanches (ver abaixo). Após, a sindicalista Isabel Sales, repassou os informes de Belém, para onde estava deslocada desde a semana passada, para representar Santarém nas discussões da categoria, na capital do Estado. 
          Dando prosseguimento, vários comentários, feitos por membros do comando de greve, constaram da pauta da assembleia. Entre eles, o apoio público manifestado através de nota de solidariedade, que foi feito pela sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH).
          Entre outras palavras, a nota diz que "Não se pode tratar quem sempre se dedicou à educação de nossas crianças e de nossa juventude, como pessoas desprovidas de direitos, ameaçando-as com processos criminais e disciplinares. Negar um direito constitucional através de sentença judicial, criminalizar lideranças como quer o Ministério Público e a Polícia, cortar negociações e ameaçar com demissões e corte de ponto, como faz agora o Governo Estadual, são atos que violam a Constituição e maculam todos os princípios de direitos humanos que estas instituições deveriam proteger, principalmente o direito á educação, a liberdade de expressão e as condições dignas de trabalho para a categoria que conduziu todas estas pessoas aos cargos que hoje exercem".
           Também foi feito comentário sobre texto distribuído aos presentes, onde oito deputados estaduais fazem uma análise das condições financeiras do Estado e comprovam a disponibilidade de recursos e exigem dos poderes públicos uma resposta imediata pelo Governo do Estado para que a greve dos trabalhadores em Educação pública tenha seu término pelo atendimento de suas reivindicações.
         Em seguida foi aberto espaço de três minutos para as manifestações da platéia, que teve mais de 18 inscritos para a discussão política do movimento. Depois do debate e da apresentação de propostas partiu-se para a votação.
         A primeira votação, teve como propostas o encerramento ou não do movimento grevista. Por maioria, os presentes decidiram pela continuidade do movimento grevista.
          A segunda votação foi para verificar se o movimento continuaria por tempo determinado ou indeterminado. A assembleia decidiu que o tempo seria determinado, ou seja, a greve se estenderá até sexta-feira, 25 de novembro.
         A continuidade do movimento grevista teve como argumento de defesa principal, a vontade dos trabalhadores em Educação pela emancipação política, com a criação do Estado do Tapajós.
Podem matar os homens, mas nunca matarão as idéias
Quem luta educa


----------Noel Sanches*----------

Lutamos porque almejamoss um mundo melhor para todos. Mundo este onde a justiça seja a viga-mestra que dá sustentabilidade à construção de uma sociedade justa, livre e solidária. Nós jamais poderíamos nos isentar de defender aquilo que é de direito e que visa o bem-estarda coletividade, pois se deixarmos de fazer isso, é melhor que nos tornemos monges beneditinos e, por consequencia, fiquemos enclasurados em nossas montanhas de egoísmo. Aqueles que não lutam nem defendem causas nobre, vivem no ermo da solidão, fecham-se na clausura da sua ilha pessoal, instam-se no ostracismo de suas causas particulares, pois só pensam nos seus próprios interesses. Dificilmente visualizam o ombro do outro. Rarissimamente contemplam a face de seus pares. Quem sabe não são esses os párias que se concentram no limbo da subserviência das mazelas humanas.
Por esse e outros motivos, pessoas assim são consideradas desleais porque ferem princípios supremos de uma decisão coletiva. São desleais ainda porque mesmo fazendo parte da classe, ainda assim interpõem-se contrários aos movimentos que buscam defendê-los. Infelizmente, indivíduos dessa estirpe são mascarados e pertencem ao rol dos Iscariotes. O beijo é forçosamente falsário. O abraço é carregado de escamas peçonhentas. Afirma-se isto porque pessoas com essa natureza, vendem seus valores, curvam-se ante às pressões, negociam sua honra, licitam sua dignidade, trocam seus preceitos por qualquer 30 moedas de prata. Infortuitamente, os antagonistas desse elenco são apenas atores sociais: só representam, mas não assumem seus verdadeiros papéis.
Ainda bem que esse contexto não é para todos. Existem aqueles que são chamados de guerreiros. E para estes, a luta deixa de ser um combate e passa a ser uma inspiração. São defensores plenos do bem comum, por isso agregam-se e, mutuamente, protegem-se. Os contrapontos existem. E isso é muito salutar, pois é a variedade de cores que esculpe a beleza do arco-íris. Digo mais: é a diferença dos acordes que forma as mais belas canções. Sem dúvida, juntos, mesmo com muitos pontos díspares, compomos um disciplinado e habilidoso exército que não recua diante das punições, que não se dobra diante das afrontas, que não se curva diante dos detratores. Juntos formamos uma grande teia do bem, na qual cada ponto representa o sonho da mudança, o elo da solidez e a busca por um mundo melhor. Um mundo sem máculas, sem dores, sem preconceitos, onde o menino das letras transformar-se-á num adulto das palavras.
Quero salientar que os compatriotas da luta entram na arena da batalha com o escudo da clareza e com a espada da maturidade. Os riscos de uma batalha são plenamente reconhecíveis, porém o desejo de um novo amanhã é mais forte e nenhuma neblina do medo pode impedir de contemplarmos o entreabrir de um novo dia. Esses caros lutadores sabem que lutar é sinônimo de engradecimento, pois somente a luta educa para a glória, faz elevar o espírito, instiga educadores e talha a nossa missão como inspiradores sociais.
Não há dúvida de que homens honrados são copiosamente togados pela grandeza dos embates e pela leveza dos sonhos. São homens livres e não marionetes nas mãos de seus algozes. São sinceros e coerentes. Não lacônicos. São homens que, pelo discurso inflamado, assumem o que dizem e assinam o que falam. Comprometem-se com as causas porque se não lutarem já são fracassados. Lutam mesmo sabendo que podem não levantar o troféu da vitória, mas serão condecorados como nobres e eminentes lutadores que não se renderam nem se acorvadram diante do medo.
Vale dizer também que não assumiram qualquer postura avessa ao movimento. Esses valentes guerreiros são ínclitos, solidários, idôneos, leais. Esses bravos homens não defenderam apenas o bem-estar de suas vidas, mas colocaram-se à disposição do bem-estar da vida do outro. São pessoas convictas de que a luta não significa vislumbrar numerários, e sim experimentar outra forma de lucratividade, ou seja, unidade respeito, dignidade, honra e a certeza de que continuarão lutando por tudo aquilo que acreditam, pois lutar não tem como resultado somente vencer, mas como suprema finalidade o unificar das mentes para novos ideias e, sobretudo, aquecer nossos corações para outros embates. Tudo isso porque a luta educa, transforma e nos possibilita abandonar as vestes talares de meninos de letras para que sejamos cinjidos pelos mantos sagrados de um adulto das palavras.


*Noel Sanches é coordenador da sub sede do Sintepp em Santarém

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